terça-feira, 31 de maio de 2011

Uma história de amor...

Às vezes, quando menos esperamos, Deus coloca anjos em nosso caminho, com a finalidade de nos proteger, nos guiar, fazer com que não desistamos dos nossos sonhos. Eu já encontrei muitos desses anjos, durante essa minha jornada na vida. Mas, dois deles, foram no mínimo, especiais. O nome desses anjos: Cândida e Oriévilo.
Quando cheguei a Itaituba, naquele fim de tarde, depois de enfrentar uma verdadeira aventura no aeroporto de Santarém, eu não tinha uma noção real do que me esperava. Já sabia que a cidade não era muito atrativa, que tinha muita violência, que o custo de vida era alto, devido a alta exploração do ouro na região, mas eu estava indo trabalhar, e no momento, era o que me interessava. A cidade não tinha sequer um hotel decente, onde eu pudesse me hospedar, mas na Diretoria Regional, em Belém, fui informada que a Fundação SESP dispunha de residências para os técnicos, e que eu iria dividir uma casa com a enfermeira. Mas não foi bem isso que aconteceu.
As casas existiam sim, e eram cinco, mas estavam todas ocupadas. Duas por médicos, uma pelo dentista, outra pelo secretário da Unidade e a última pela enfermeira. Mas ela não morava sozinha, tinha uma família enorme, e nem sequer sabia que eu iria “morar com ela”.
Chegando à cidade, fui direto procurar o Diretor, achando que já estava tudo certo  para morar com a enfermeira, e que iria apenas saber onde era a casa. As casas todas ficavam numa vila, bem próxima do Hospital.  Fui recebida pela mulher do Diretor, que me olhou atravessado, analisando-me  dos pés à cabeça, e foi logo dizendo que o marido estava no Hospital, e que ela não poderia me hospedar porque estava sem empregada! Perguntei sobre a enfermeira, e fui informada que ela também não poderia me receber porque a casa já estava cheia. Fiquei parada na porta. Até então, ela  não havia sequer me convidado para entrar. O motorista do taxi continuava parado atrás de mim, com as malas na mão, sem saber onde colocá-las, e eu comecei a me angustiar, pois sabia que encontrar um hotel decente naquela cidade seria uma tarefa quase impossível. Encontrar uma casa para alugar, que ficasse próxima do hospital, isso sim, seria impossível.  
A mulher continuava lá, parada na minha frente, sem me convidar para entrar. O motorista, atrás de mim, perguntando onde colocar as malas. E eu, entre os dois, imaginando o que fazer. Pensei então, “vou só encontrar um lugar para dormir, e amanhã mesmo, pego o primeiro vôo de volta pra casa”.
Foi quando apareceu  Selma, que trabalhava na casa da vizinha, Cândida,  informando que ela havia viajado de férias com o marido, mas, sabendo que eu chegaria (e provavelmente, já imaginando que tipo de recepção eu teria), deixara ordem para que eu me hospedasse na casa dela, até encontrar um lugar para ficar. Fiquei aliviada e saí da casa do diretor sem ao menos ter entrado,  e finalmente, o motorista do taxi encontrou onde colocar as malas.
Cândida era professora, casada com Oriévilo, médico, também da Fundação SESP.  Estavam viajando, mas logo na semana seguinte retornariam e eu teria que encontrar outro lugar, pois a casa era cheia, com eles moravam as três filhas, uma sobrinha, e Selma, que também tinha um filhinho. A casa era pequena, e de todas da vila, era a mais cheia, não só de pessoas, mas também de vibrações positivas, de acolhimento, de calor humano.
Continuei procurando um lugar para morar, mas a cidade realmente não dispunha de uma pousada ou hotel decente que eu pudesse  ficar, e não existia nenhuma casa disponível para alugar nas redondezas. E assim, fui ficando por lá, enquanto quase todos os dias ligava para a Diretoria Regional, pedindo uma solução (a solução mais viável, seria me transferirem para outro lugar, mas eles não queriam flexibilizar).
Quando Cândida e Oriévilo voltaram das férias, eu continuava lá, e era como se nos conhecêssemos há muito tempo. Passei a chamá-los carinhosamente de “Paizão”e Mãezona”, porque era isso que eles eram para mim. A casa tinha apenas dois quartos e eu dividia um deles com as crianças, que logo se apegaram a mim.
O tempo foi passando, e nossa amizade só crescia. Já não achava mais tão ruim morar em Itaituba, afinal, eu tinha uma família!
Depois de vários meses, finalmente fui transferida para outra cidade, Oriximiná. Apesar de saber que essa era a melhor solução, agora já não estava mais tão certa de querer mudar, mas vi que não poderia ficar indefinidamente ali. A despedida foi difícil, mas prometemos não perder o contato, e assim fizemos, durante muito tempo.
Tempos depois, quando já estava morando no nordeste, recebi a visita deles, e foi como se tivéssemos nos visto há pouco tempo... Depois, com o surgimento da internet, tudo então ficou mais fácil! Eu e Cândida conversávamos quase que diariamente. Falávamos de tudo, coisas sérias, confidências, desabafos, palpites no cardápio de domingo. Às vezes, ficávamos apenas matando o tempo, contando piadas...
Até que um dia, recebi uma noticia que me tirou o chão...  Deus a chamara para junto Dele... Não tive a chance de me despedir. Mas, para que despedida? Continuamos nos falando com frequência, em sonhos, pensamentos... afinal, a nossa amizade é de todas as vidas...
Alguns dias antes da sua partida, recebi uma mensagem dela, que me emocionou. Deixo aqui, para todos verem como ela É especial...

4 comentários:

  1. Nossa, tia! Que história comovente. Adorei seu blog.. Essa idéia de relembrar suas histórias do passado.
    Beijos grandes!

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  2. Menina!!! Arrasou denovo!
    bj Lili

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  3. Lembro dela no seu orkut, não sabia que ela tinha partido. Linda a história de vida de vcs duas. Me emocionei bastante. Bjs, Neide!

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  4. Adorei o texto!
    Voltei no tempo...
    Mamãe escreveu essa mensagem "Só pra você" 4 dias antes de falecer e mandou para alguns amigos por email. Só tomei conhecimento no dia que ela faleceu, minha prima comentou e achei no email dela. Este ano ela completa 10 anos...
    Só saudades!
    E só hoje achei esse texto por acaso.

    Obrigada, Verônica! Beijos

    Alynne Sousa
    23/01/2019

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